EDITORIAL

DOI: 10.14718/revfinanzpolitecon.2016.8.2.1

A ERA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Joan Miguel Tejedor Estupiñán*
Juan Fernando Álvarez**

*Mestre em direitos humanos e economista. Editor da revista Finanzas y Política Económica, da Universidad Católica de Colombia. E-mail: jmtejedor@ucatólica.edu.co Endereço postal: Facultad de Economía, Universidad Católica de Colombia, Carrera 13 n. 47-49 (Bogotá, Colombia).
**Mestre em economia social e economista. Editor-assistente da revista Finanzas y Política Económica. E-mail: jfalvarez@ucatolica.edu.co Endereço postal: Facultad de Economía, Universidad Católica de Colombia, Carrera 13 n. 47-49 (Bogotá, Colombia).


As ciências econômicas evoluíram e incluíram novas disciplinas de análise. Enquanto o professor Jeffrey Sachs publicou, no final de 2014, seu livro The Age of Sustainable Development, na Organização das Nações Unidas se preparou um ambicioso acordo para o desenvolvimento sustentável que implica estabelecer as medidas para sua conquista.

Em 2015, aprovam-se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e o Vaticano publica a encíclica papal Laudato Si, na qual são estabelecidas orientações para a preservação da vida e diretrizes para um agir ético. Paralelamente, em Paris, realiza-se a XXI Conferência do Clima (COP21), da qual se originam acordos para reduzir a emissão de gases poluentes, o que, sem dúvidas, acarreta repensar temas não discutíveis, como o crescimento econômico, que têm predominado nas agendas durante as últimas décadas.

Durante 2016, reconhecidos professores de economia norte-americanos indicam o criador da moeda virtual bitcoin ao prêmio Nobel de economia. Por sua vez, saem à luz pública numerosos escândalos relacionados com as novas formas de desviar contribuições fiscais por meio de empresas fantasmas, muitas delas dirigidas por computadores remotos a partir dos quais se realizam transações ilegais.

Nesse contexto, observam-se crescentes brechas de desigualdades, crise estrutural dos regimes de bem-estar, problemas derivados de conflitos políticos -como o deslocamento humanitário por causa da guerra, o aumento de refugiados e a ausência de garantias para seu desenvolvimento humano-, aumento das tensões derivadas em desacordo com a integração global, exacerbação dos discursos políticos, resistência à alternância de poderes, ampliação de grupos alternativos que realizam iniciativas econômicas na contramão da grande produção transnacional, a qual abrange, cada vez mais, maior parte da produção mundial, e uma descontrolada produção que deriva em problemas como o aquecimento global e a perda de muitos ecossistemas. Tudo isso configura cenários nos quais os princípios econômicos devem ser ampliados em busca de gerar ferramentas que respondam aos crescentes desafios de uma economia e de um mundo em contínua mudança.

De maneira incipiente, mas crescente, as ciências econômicas incorporam a seu instrumental matemático certas considerações éticas, ao mesmo tempo que se amplia seu campo de ação num contexto em que convergem várias disciplinas como a física e a biologia, que tornam as análises complexas. A revista Finanzas y Política Económica não é alheia a isso, ela serve de ferramenta de difusão das pesquisas realizadas por autores que, em diferentes latitudes, decidem fazer parte de nossa comunidade científica; uma comunidade que necessariamente deve ser consolidada a partir da aplicação do método científico, do estudo rigoroso de problemas relevantes e da discussão dos conteúdos que são publicados.

Neste número, são divulgados oito estudos que estão em consonância com as linhas temáticas da revista e trazem reflexões a diferentes áreas do conhecimento. A polivalência é uma característica inerente ao progresso cognitivo das ciências econômicas; por isso, a revista Finanzas y Política Económica destina seus esforços a cumprir com essas características e espera-se que seus leitores possam se tornar partícipes dessa missão a partir de seus comentários, análises e críticas.

Os primeiros três artigos analisam, com diferentes metodologias e instrumentos, elementos de políticas públicas na área das PMEs, o efeito das crises bem como as emergências institucionais em sua formulação, e a incidência da manufatura no crescimento econômico. O quarto artigo contribui, com evidência empírica, para a causalidade nas variações nos níveis de preços e nos tipos de juros e de câmbio de diferentes países da América Latina. Os seguintes três artigos se enfatizam, sob uma análise empírica, no âmbito das relações entre a gestão do capital de trabalho e a rentabilidade num segmento industrial; a medição do impacto das políticas de formação para o trabalho na Colômbia e o efeito que o preço mundial do café tem no preço varejista para as cinco cidades principais desse país. O último artigo explora metodologicamente os incentivos que em políticas públicas são estabelecidos para novas formas de fazer economias.

Em geral, estes artigos tratam, de forma empírica, sobre alguns dos desafios cognitivos das ciências econômicas; disso se derivam novas respostas para entender e superar as crescentes tensões de um sistema econômico em transformação.


REFERÊNCIAS

1. Organização das Nações Unidas (ONU) (2015a). Objetivos de Desarrollo Sostenible. Recuperado de http://www.un.org/sustainabledevelopment/es/objetivos-de-desarrollo-sostenible/

2. Organização das Nações Unidas (ONU) (2015b). XXI Conferência Internacional sobre Mudança Climática. Recuperado de http://unfccc.int/resource/docs/2015/cop21/spa/l09s.pdf

3. Papa Francisco (2015). Carta Encíclica Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum. Recuperado de http:// w2.vatican.va/content/francesco/es/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudatosi.html

4. Sachs, J. (2014). The age of sustainable development. New York: Columbia University Press.