http://dx.doi.org/10.14718/revfinanzpolitecon.2017.9.2.1
Editorial
José Fernando Ortiz*
PhD. (c) em Economia dos Recursos Naturais e Desenvolvimento Sustentável. Coeditor da revista Finanzas y Política Económica da Universidad Católica de Colombia. Endereço para correspondência: Facultad de Economía, Universidad Católica de Colombia, carrera 13 N.° 47-49, Bogotá, Colômbia. E-mail: jfortizr@ucatólica.edu.co
A revista Finanzas y Política Económica tem tido o privilégio de trabalhar com autores de diferentes lugares do mundo, que vêm desenvolvendo pesquisas e cujas colaborações à disciplina econômica deixaram um aprendizado substancial para os leitores e os estudiosos das temáticas publicadas nos seus diferentes números.
Nas últimas décadas, os ciclos econômicos e políticos têm estado fora de sincronização e evidenciado problemas de recessão. A generalização das consultas populares mineiras na Colômbia —que poderiam gerar um impacto fiscal e afetar as finanças da nação—, a proliferação de mercados emergentes na América, na Europa e na Ásia e o colapso do preço do petróleo —ainda que continue sendo vital para economias de países que dependem desses recursos— são situações, entre muitas outras, que evidenciam uma economia oscilante. Por um lado, políticos populistas ganham credibilidade e prometem economias mais prósperas e, por outro, a Reserva Federal dos Estados Unidos continua com a tendência de subir as taxas de juros. Quais serão os efeitos desses fenômenos? São desafios e situações que não terminam por aí; por isso, dada a trajetória e as oscilantes tendências da ciência econômica com as suas diversas temáticas nos âmbitos nacional e internacional, neste número, apresentam-se temas que contribuem para a compreensão desses movimentos econômicos e políticos no cenário mundial.
Espera-se que, nesta edição da revista Finanzas y Política Económica, com os seus diferentes artigos, seja possível continuar contribuindo para a discussão e o debate dessas situações. Dessa forma, neste número, as diferentes contribuições integraram-se em grupos de política pública e teoria econômica e financeira.
A revista começa este número com o artigo de Darío Alejandro Rossignolo: O esforço fiscal nos países da América Latina e do Caribe, no qual é exposto como, a partir da ação dos gastos públicos e dos impostos, as diferentes economias podem mitigar aspectos como a desigualdade e a pobreza, enfatizando os seus efeitos redistribuitivos. Para os governos da região, é relevante assegurar um nível de gasto público que possa servir aos objetivos de moderar as flutuações dos ciclos econômicos.
Utilizando a metodologia de "esforço fiscal" para os países da América Latina, o autor realiza uma estimativa econométrica e estima a factibilidade do incremento da arrecadação impositiva nos países do subcontinente. A pesquisa de Rossignolo servirá de orientação sobre a proporção adequada de políticas fiscais para encarar um desequilíbrio fiscal.
Em seguida, Julio César Alonso e Diego A. Martínez Quintero, no seu artigo Impacto das alterações no preço do petróleo sobre o PIB dos países-membros da Aliança do Pacífico, apresentam o efeito que a grande volatilidade do preço do petróleo tem tido nesses países. Esse é um tema de interesse tanto para pessoas que fazem políticas públicas quanto para pesquisadores motivados pelo fato de que o petróleo foi a principal fonte de energia no século passado e inícios do atual. Portanto, as reações das economias dos países-membros dessa aliança terão consequências no âmbito da política macroeconômica em longo prazo sobre o preço internacional do petróleo.
Continuando com temas de política pública, Enrique Samanamud, do Peru, apresenta o seu texto Análise de equidade horizontal das transferências fiscais no Peru. Como definir um sistema ideal de transferências? Segundo o autor, as transferências estão diretamente relacionadas com o nível de descentralização e, embora possamos afirmar que a maior parte do corpo teórico estabelece que a descentralização contribui para a eficiência na oferta de programas fiscais, também pode gerar ineficiência e desigualdade no contexto da economia nacional. A partir do ponto de vista puramente econômico, as transferências são um traslado de recursos aos governos subnacionais, os quais se convertem em agentes beneficiários que tomam decisões públicas de gasto sobre ditos recursos, teoricamente com a única finalidade de aumentar o bem-estar dos cidadãos da sua circunscrição. Os aspectos de crescimento dos gastos e do estancamento dos ingressos próprios, unidos ao silêncio dos governos nacionais, são algumas das razões que têm feito com que os governos subnacionais tornem-se mais dependentes do governo nacional em termo de transferências.
Posteriormente, Diana Milena Carmona Muñoz e Marcos Vera Leyton apresentam a sua pesquisa Avaliação dos fatores de risco nos ativos de renda variável que conformam o índice S&P MILA 40: aplicação do modelo de três fatores de Fama & French no período de 2009 a 2013. Esses modelos são importantes para os mercados financeiros, já que permitem gerar informação ao mercado e aos agentes em cenários de risco. Através de uma avaliação de componentes microeconômicos, e utilizando uma metodologia de regressões de séries de tempo, identificam as variáveis que potencialmente podem influenciar a estimativa de retornos dos ativos.
Os parâmetros de planejamento estratégico são importantes para as empresas. Nesse contexto, as empresas familiares não são a exceção, como organizações que contribuem para o crescimento e desenvolvimento econômico. As principais falências da empresa familiar colombiana centralizam-se na ausência de um modelo de gestão. Dessa forma, Javier Rueda Galvis e Mónica Rueda Galvis, no seu artigo Modelo econométrico de gestão de sucesso para a empresa familiar colombiana, mostram a importância da empresa familiar como um dos pilares fundamentais da construção de Estados, o crescimento econômico e a qualidade de vida para a população. Esta pesquisa oferece elementos transcendentais para a definição de sistemas de gestão efetivos, que potencializem o papel que desempenhem investidores, diretivos, empregados e comunidade em geral no fortalecimento das instituições empresariais.
Por sua vez, Bernardo Barona Zuluaga, Jorge Alberto Rivera Godoy e Paola Andrea Garizado Román, no seu artigo Investimento e financiamento em empresas inovadoras do setor de serviços na Colômbia, focalizam a pesquisa na teoria econômica e financeira. Neste caso, os autores identificam o tipo de ativos investidos pelo setor de serviços nos seus processos de inovação, assim como a forma em que financiaram as suas atividades de inovação. Dessa forma, mostram que as empresas investem mais em ativos de natureza tangível que em de natureza intangível.
Nessa mesma linha de pesquisa sobre os mercados financeiros, os hedge funds como oportunidades de investimento ném escaparam da crise financeira global 2008-2009. Isto é o que Urbi Garay, Manuel Hernández e Carlos Rivillo apresentaram e analisaram no artigo As variáveis microeconômicas dos fundos de fundos multimercados (hedge funds) e seu desempenho durante a crise financeira global de 2008-2009. Eles descrevem e analisam seus riscos, bem como os efeitos da crise global sobre esses fundos e contribuem de forma importante para as variáveis microeconômicas que influenciam a permanência dos FFM. Eles fizeram um modelo econométrico de regressão do Probit e identificaram que os FFM que apresentava melhores rendimentos e aqueles com menor volatilidade em seus rendimentos antes da crise financeira permaneceram ativos. Outras variáveis microeconômicas não mostraram evidências sobre o desempenho dos FFM.
Finalmente, o conhecimento converteu-se em um recurso estratégico para dinamizar o crescimento empresarial e potencializar o desenvolvimento econômico. O avanço científico e tecnológico nas últimas décadas vem incrementando a produtividade, permitindo que a empresa moderna alcance economias de escala e consolidando a denominada sociedade baseada no conhecimento. Nesse contexto, o investimento em recursos intangíveis tem cobrado relevância estratégica, já que fortalece o capital intelectual ou stock (conjunto) de conhecimento organizacional e, portanto, permite obter resultados empresariais eficientes. No seu artigo Implicações do investimento em recursos intangíveis sobre a capacidade exportadora das empresas de Santander, Colômbia, Claudia Patricia Meneses Amaya, Ismael Estrada Cañas e Claudia Patricia Cote Peña realizam uma análise descritiva e correlativa que permite comprovar que o investimento em recursos intangíveis favorece significativamente a capacidade exportadora das empresas no estado de Santander, Colômbia.